Arquivo do mês: novembro 2010

Da reinvenção

Sim, eu me reinvento com facilidade. Uma característica adquirida depois da necessidade de vários cismas durante minha vida. (Minha vida! Minha vida! Como se em algum momento ela tivesse sido realmente minha.). Enfim, tal capacidade não é de alguém que tolera mudanças. Mudar não é pra quem gosta de mudar. É pra quem tem necessidade de mudar. A quem se refaz constantemente sobra o consolo de ser sensível a qualquer alteração atmosférica, por menor que seja, e torce para que isso seja uma qualidade.

Pessoas com tal facilidade, como eu, acreditam na rigidez. Por isso mudam. Só quem é inflexível na flexibilidade é perene. Quanto a mim, e as pessoas como eu, acreditamos piamente que existem algumas certezas na vida. Por vezes nos agarramos a elas, certos de que essa será a imutável. A prova do contrário nos trás a necessidade de reinvenção. Não temos, a priori, a compreensão da liquidez da vida, e isso nos faz seres em constante reconstrução.

Àqueles que simplesmente sabem que nada na vida é sólido, que tudo é passageiro, que as certezas são ilusórias, esses não mudam. Fincam o pé no chão da flexibilidade e, por nunca quebrarem, não precisam saber se reconstruir. A certeza de se saber imutável. A relatividade tesa. Não quero ser assim, afinal.